É uma técnica simples. Mediante a retirada de sangue da veia E SUA IMEDIATA APLICAÇÃO NO MÚSCULO, AUMENTA EM QUATRO VEZES O NÚMERO DE MACRÓFAGOS NO ORGANISMO. São os macrófagos QUE FAZEM A LIMPEZA DE TUDO, eliminando bactérias, vírus e câncer.
publicado por auto-hemoterapia | Quarta-feira, 11 Janeiro , 2012, 13:06
Médico brasileiro fez pesquisa que entrou na história da
auto-hemoterapia ao explicar o mecanismo de seu funcionamento, depois
de comprovar sua eficácia. Complicações Pulmonares Pós-Operatórias
______________________________ Dr. Jésse Teixeira 3 Complicações
Pulmonares Pós-Operatórias (*) ______________________________ Pelo Dr.
Jésse Teixeira ______________________________ SF (*) Trabalho premiado
pela Sociedade Acadêmica de Medicina e Cirurgia - prêmio Cirurgia de
1939. ______________________________ a COMPLICAÇÕES PULMONARES Com o
intuito de contribuir para o estudo das complicações pulmonares
pósoperatórias, principalmente no que se refere à sua profilaxia,
apresentamos aqui o relato de nossas conclusões, baseadas em 150 casos,
dos quais cerca de 60 % observados no Hospital de Pronto Socorro. A
circunstância de ser o Hospital de Pronto Socorro estritamente um
hospital de urgência, confere ao método preventivo que empregamos
segura garantia de eficácia e utilidade. Sabem todos que os imperativos
da cirurgia de urgência afastam qualquer cuidado pré-operatório,
ficando assim os doentes desamparados ante a ameaça da complicação
pulmonar pós-operatória, uma vez que a tão decantada vacina
anti-broncopneumônica é de uma falibilidade comprovada. Há extrema
falta de unidade entre os autores que se ocupam do assunto, resultando
daí a notável disparidade que existe entre os diversos resultados
publicados. Tomemos um exemplo: as estatísticas sobre a freqüência das
complicações pulmonares pós-operatórias; dentre as estrangeiras - e
deixamos de citar as nacionais, porque delas não encontramos
publicações - a de PROTOPOW dá uma incidência de 7,6%, a de MANDIL
14,5%, a de ORATOR STRAATEN 2,9 % ... 4 Esses resultados dispares têm,
a nosso ver, sua fonte numa questão puramente doutrinária, pela falta
de unidade no conceito de complicação e de suas formas anátomo-clínicas
e isto acontece não só porque toda indicação numérica depende de
condições subjetivas e pessoais, mas também, e sobretudo, porque "são
extremamente elásticos os limites da verdadeira normalidade no
pós-operatório". Em virtude dessas considerações, resolvemos tecer as
nossas conclusões sobre as bases científicas de um conceito e de uma
classificação, a cuja concepção fomos conduzidos pelo estudo e pela
meditação sobre os casos, que nos foi dado observar. Assim, antes de
relatar a profilaxia e a nossa casuística, faremos uma breve exposição
do conceito e classificação das complicações pulmonares pósperatórias,
segundo o nosso ponto de vista, seguida de uma rápida explanação
sintética sobre o diagnóstico e a étio-patogenia das referidas
complicações. I - Conceito Segundo ALEJANDRO CEBALLOS, "são
consideradas complicações pulmonares pós-operatórias todas as
pneumonias agudas que sobrevenham em conseqüência da operação, em
operados que tinham, até então, o aparelho respiratório normal". Ora, é
sabido que indivíduos portadores de tuberculose em latência, ou velhos
sofredores de bronquite crônica, podem apresentar, em conseqüência da
operação, manifestações agudas dessas doenças, as quais, sem dúvida,
devem ser consideradas como complicações pulmonares pós-operatórias.
Desse modo, à definição de CEBALLOS, permitimo-nos acrescentar : "...
em operados que tinham, até então, o aparelho respiratório normal" - ou
sede de processos patológicos, em fase de cronicidade ou latência. II-
Classificação Estabelecemos uma classificação esquemática, que procura
individualizar em quatro tipos principais, de acordo com sua etiologia,
anatomia patológica e evolução clínica, as mais importantes
complicações pulmonares pósoperatórias: 1o - COMPLICAÇÕES DEVIDAS AO
CHOQUE OPERATÓRIO: Pseudo-bronquites do pós- operatório e atelectasia
pulmonar pós-operatória. 2o - COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS: Bronquites
(elemento de ligação entre o 1o e o 2o grupo), córtico-pleurites (as
complicações infecciosas mais freqüentes), pneumonias,
broncopneumonias, que podem conduzir a largas supurações, como o
abscesso e a gangrena pulmonares. 5 3o - COMPLICAÇÕES DEVIDA À EMBOLIA
PULMONAR: Desde o tipo banal da poeira de embolia (discutido e negado
por muitos), passando pelo tipo médio de infarto hemoptóico de LAENNEC,
até o tipo fulminante sincopal ou asfíxico da embolia da artéria
pulmonar. 4o - COMPLICAÇÕES ESPECIAIS : a) surto agudo de tuberculose;
b) complicações próprias à cirurgia torácica. A presente classificação
terá os fundamentos de sua justificação no item seguinte, que trata da
etiopatogenia das complicações pulmonares pósoperatórias. III -
Etiopatogenia Na etiopatogenia, são descritas numerosas causas
predisponentes das complicações pulmonares: o estado geral do operado,
a idade, o sexo, o estado pré-operatório do pulmão e vias aéreas
superiores, garganta, boca e nariz (que, quando sede de inflamações
predispõem a infecção pulmonar por via broncógena), assim como do
aparelho cardiovascular (por isso que a sua insuficiência determina
estase na pequena circulação, capaz de favorecer a evolução de um
processo pulmonar), a técnica cirúrgica e o tempo da operação (as
manobras suaves, a hemostasia bem cuidada, aliadas a um tempo curto,
dão menor número de complicações), a região operada (as complicações
são mais freqüentes nas operações abdominais altas), a hipostase, pelo
decúbito prolongado no leito (é fator que só se evidência nos
indivíduos muito idosos, caquéticos e com lesões do aparelho
cardiovascular) e a estação do ano (o inverno fornece maior contingente
de complicações). No particular do sexo, o masculino paga maior
tributo: em 40 complicações, pulmonares, 33 são de indivíduos
masculinos. O fenômeno se explica pela diferença entre os tipos
respiratórios do homem e da mulher. O homem tem uma respiração
costo-diafragmática ou abdominal e a mulher uma respiração costal
superior, e como em conseqüência da operação há uma paresia
diafragmática, a amplitude respiratória do homem diminui
consideravelmente, predispondo, pela hipoventilação pulmonar, a toda
sorte de complicações, o que não sucede com a mulher, que continua com
uma amplitude satisfatória. Por uma razão semelhante, se explica o
maior número de complicações pulmonares que todas as estatísticas
conferem às operações gastro-duodenais sobre as intervenções nas vias
biliares extra-hepáticas: é que as afecções gastro-duodenais são mais
freqüentes no homem, ao passo que as das vias biliares atingem mais ao
sexo feminino. Uma estatística, só de mulheres operadas de estômago e
vesícula, demonstrou que a cirurgia biliar dava 8 % de complicações, ao
passo que a cirurgia gástrica determinava apenas 6%. 6 Estudaremos
agora a etiopatogenia de cada um dos quatro tipos de nossa
classificação. 1o - COMPLICAÇÕES DEVIDAS AO CHOQUE OPERATÓRIO: - Estas
complicações são explicadas, segundo a concepção das manifestações
segmentárias do choque, de CARLOS STAJANO, por inibição do setor
neurovegetativo, que preside à inervação das fibras lisas
tráqueo-broncopulmonares, dando como conseqüência uma
tráqueo-broncoplegia (ruído de glú-glú traqueal, pela impossibilidade
de expectorar) e assim se constituem e se diagnosticam as "falsas
bronquites passageiras do pós-operatório, atribuídas durante muitos
anos ao éter ou ao resfriamento das salas de operações e que
desaparecem, como fantasmas, de um dia para outro, apesar da medicação
mais ou menos penosa para o doente, como envoltórios, ventosas "...
Esta modificação de tipo parético na fibra lisa tráqueo-broncopulmonar,
tem a mesma explicação que a paresia intestinal psicológica do pós-
operatório (STAJANO), que desaparece, normalmente, ao fim de 48 horas e
que nada mais representa que o choque segmentar da fibra lisa
intestinal. Os pulmões têm pouca atividade independente e, quando
retirados do tórax e separados, são apenas massas inertes (HENDERSON).
A depressão funcional pós-operatória manifesta-se também na baixa do
tônus muscular geral, sob a influência da inibição nervosa. As alças
intestinais, sede de paralisia, deixam-se distender pelos gazes, o
indivíduo não consegue tossir e, nos seus esforços para expectorar, só
consegue deglutir saliva misturada a gotículas de ar, pelo que se
constitui uma aerogastria e assim intestinos e estômago distendidos
elevam o diafragma hipotônico, a amplitude respiratória e a capacidade
vital decrescem consideravelmente (dispnéia, com respiração rápida e
superficial), as secreções brônquicas, que não podem ser expelidas,
agem como rolha mucosa nas vias respiratórias, o ar alveolar, por
fenômeno puramente físico, é absorvido e surge o quadro da atelectasia
pulmonar (o atelectásico é um asfíxico, mas não é um infectado). Estas
manifestações de choque, pós-operatório imediato, podem perdurar e,
como todo órgão em retenção está em condições propícias para
infectar-se, se o meio é séptico, não se livram da ameaça de, sobre
elas, se enxertar uma complicação infecciosa. Assim, as complicações do
segundo tipo podem iniciar-se como meras manifestações de choque e
através do elemento de ligação - bronquites pós-operatórias -
evidenciar-se com todas as características clínicas de uma
córtico-pleurite, pneumonia, broncopneumonia, abscesso ou gangrena
pulmonares. 7 2o - COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS: - Na gênese das
complicações infecciosas tem sido invocados numerosos fatores através
dos tempos. Passemo-los em revista: a) Anestesias por inalação: - Foi o
éter principalmente responsabilizado, porque "irrita a árvore
brônquica, exagera as secreções e diminui a ação bactericida das
mesmas, além de provocar resfriamento". Contudo, as complicações
surgem, indiferentemente, com todos os tipos de anestesia, inclusive a
local e a raquidiana. Aliás, a raquidiana foi incriminada de despertar
complicações pulmonares por diminuição da amplitude respiratória
conseqüente a anestesias altas e mais ou menos prolongadas. Quanto à
anestesia local, é ela que fornece maior cifra de complicações
pulmonares nas estatísticas o que facilmente se explica, porque é
empregada em maior cópia, como também porque é a anestesia de escolha
para numerosos indivíduos tarados (bronquíticos, cardíacos, etc.), como
diz QUÊNU. Em suma, a anestesia por inalação tem a sua parte no
aparecimento de complicações em indivíduos com aparelho respiratório
lesado e, sobretudo, nas chamadas pneumonias por aspiração, em que o
conteúdo gástrico, durante um esforço de vômito, passa para as vias
aéreas superiores, desencadeando uma pneumonia gravíssima, com elevada
cifra de mortalidade (infecção broncógena). Diga-se, de passagem, que
as anestesias locais, feitas com o reforço de uma injeção de morfina,
podem, pelos mesmos motivos, conduzir à pneumonia aspirativa. b)
Embolias do pós-operatório, sem que existam pleurites: - Foram durante
largo tempo imputadas, como causa de complicações pulmonares, as
micro-embolias que se originariam da sede do trauma cirúrgico,
instalando-se então "um quadro inflamatório pulmonar caracterizado por
zona de massicez, silêncio respiratório e febre alta ". PIERRE DUVAL
nega qualquer fundamento de veracidade a esta opinião e afirma que "só
por comodidade o cirurgião invoca a embolia", uma vez que a anatomia
patológica prova que ela não tem existência real. c) Infecção por via
linfógena, hematógena ou broncógena: - A via linfógena tem sido
invocada, nas operações sépticas do andar supramesocólico, em que a
infecção, pelos linfáticos, atravessaria o diafragma e chegaria ao
pulmão; a essa afirmação se têm oposto argumentos irrespondíveis.
Apenas, a infecção bronquial pôde ser aceita, como elemento de valor,
nas pneumonias aspirativas e nos surtos epidêmicos de gripe. d)
Intoxicação pelos polipeptídios: - Segundo PIERRE DUVAL, de acordo,
aliás, com a escola francesa, as complicações infecciosas se explicam
através 8 do fértil conceito da chamada "maladie post-opératoire",
recebendo então os polipeptídios, originados pelo trauma cirúrgico, uma
transcendente importância. Experimentalmente, PIERRE DUVAL e LÉON BINET
sensibilizaram cães a albuminas musculares e, semanas após, injetando o
mesmo material pela safena, conseguiram reproduzir, sistematicamente,
lesões pulmonares, em tudo semelhantes às do pós-operatório humano.
Estas lesões produziram-se sempre que se atuava sobre animais
previamente sensibilizados, e, no homem, essas complicações são mais
freqüentes nos indivíduos com intra-dermoreação positiva para os
polipeptídios. Portanto, é necessário um estado de sensibilização.
Conclusão: - Todas as teorias encerram sua parte de verdade, mas pecam
todas por unilaterais. A principal explicação reside no próprio ato
operatório, criador da "maladie post-operatoire", que é um
desequilíbrio biológico súbito, capaz de trazer, entre outras, as
complicações pulmonares. 3o - COMPLICAÇÕES DEVIDAS À EMBOLIA PULMONAR:
- A embolia pulmonar, nas suas duas formas, geralmente aceitas, o
infarto hemotóico de LAENNEC e a embolia de artéria pulmonar,
origina-se, via de regra, de uma tromboflebite pélvica ou dos membros
inferiores, para cuja patogenia se inscrevem os três fatores seguintes:
a) lesões do revestimento endotelial vascular; b) alterações
qualitativas do sangue (hiperinose); c) estagnação sangüínea. O
processo trombótico vai progredindo até uma encruzilhada venosa, onde
um fragmento, batido pela torrente sangüínea, se desprende e, ao
atingir a pequena circulação, desperta o quadro de infarto pulmonar, de
que fazem parte os escarros hemópticos e a dor torácica. Este infarto
pode infectar-se e teremos constituída uma pneumonia tardia
pós-infarto. Outras vezes, continuam a desprender-se êmbolos, até que
um, de maiores proporções, determine o quadro fulminante da embolia da
artéria pulmonar. Nas nossas observações contam-se dois casos de
embolia pulmonar: o primeiro, após um quadro de infarto hemóptico,
faleceu subitamente de embolia da artéria pulmonar, revelando a
autopsia dois grossos êmbolos que obstruíam os ramos de bifurcação da
artéria. O segundo teve um infarto hemóptico, também originado de
flebite da safena interna, que se transformou numa pneumonia
pós-infarto, mas teve alta curado. 4o - COMPLICAÇÕES ESPECIAIS: 9 a)
Surto agudo de tuberculose - toda intervenção cirúrgica cria um estado
de anergia, favorável ao aparecimento de surtos evolutivos agudos de
tuberculose pulmonar; b) Complicações próprias à cirurgia torácica -
como o esvaziamento, na árvore brônquica, do conteúdo de uma caverna,
após uma toracoplastia, ou as complicações de uma lobectomia (hemotórax
supurado, desvio do mediastino, etc.) Sobre este tipo de complicações,
não nos alongaremos, pois pertencem a uma especialidade que não
cultivamos. IV - Diagnóstico O cirurgião deve pensar em complicação
pulmonar pós-operatória quando, no seu operado, se manifestam tosse,
febre, dispnéia, dor torácica ou escarros hemópticos. O exame físico
revelará: estertores, roncos, sibilos, sopros, diminuição da sonoridade
pulmonar e, por vezes, mesmo, massicez. Há repercussão principalmente
sobre o aparelho circulatório, que, muitas vezes, comanda o
prognóstico. Será desnecessário encarecer as vantagens do exame
radiológico, para o estabelecimento do diagnóstico. V - Profilaxia Fora
do âmbito da cirurgia de urgência, são numerosos os meios profiláticos
das complicações pulmonares pós-operatórias (eleição do doente e da
anestesia, cura de catarros das vias respiratórias, saneamento da boca,
prevenção de resfriamentos, exercícios respiratórios, inalações de
carbogênio, etc.). Todos, aliás, muito precários. Para a profilaxia
destas complicações há, contudo, um recurso, que, segundo as
observações do seu autor e as nossas próprias, ao que parece únicas em
nosso meio, é da mais alta valia, podendo ser vantajosamente empregado,
quer na cirurgia de urgência, quer nos casos em que o doente pode ser
preparado. Trata-se da autohemotransfusão de 20 cc logo após a
operação; estando o doente ainda na mesa de operação, retiram-se 20 cc
de sangue de uma veia da prega do cotovelo, que são imediatamente
injetados na nádega. Baseamo-nos em 150 observações (1), das quais, a
maioria, pertencentes à cirurgia de urgência, através dos casos
passados pelo Serviço "Daniel de Almeida" a cargo do Dr. JORGE DORIA,
no Hospital de Pronto Socorro.
________________________________________________ (1) Agradecemos a
inteligente e proveitosa colaboração do Dr. Annibal Luz, distinto
colega e amigo de todas as horas. 10 Deixamos de publicar aqui grande
número de observações também favoráveis à utilidade do método, que
foram feitas por colegas nossos nos seguintes serviços: 13a Enfermaria
da Santa Casa (Serviço do Dr. DARCY MONTEIRO) pelo doutorando CARLOS
TEIXEIRA, serviço do Dr. G. ROMANO (Hospital da Gamboa) pelo doutorando
OSCAR DE FIGUEIREDO BARRETTO e Serviço Chapôt-Prevost (Hospital de
Pronto Socorro) a cargo do Dr. DARCY MONTEIRO, pelo doutorando MONTEIRO
DE FIGUEIREDO. Foi-nos sugerida a atenção para o assunto em fins de
1937, pelo jovem e brilhante docente Dr. SYLVIO D'ÁVILA, que chefiava a
12a Enfermaria da Santa Casa, de que éramos internos, sendo as
primeiras 60 observações ali colhidas. A sugestão do nosso chefe de
então se prendeu a um artigo publicado no "The American Journal of
Surgery" (May, 1936 - pág. 321), intitulado "Autohemotransfusion in
Preventing Postoperative Lung Complications" e assinado por MICHAEL W.
METTENLEITER (cirurgião do Pós-Graduate Hospital, de Nova York).
METTENLEITER, considerando os excelentes resultados do processo, como
método curativo das pneumonias pós-operatórias declaradas, onde foi
aconselhado por VORSCHÜTZ, resolveu empregá-lo, como profilático, em
300 casos de sua clínica particular e não teve uma só complicação
pulmonar, a não ser pequena área trombótica em um pulmão, cinco dias
após a operação. Antigamente, o emprego da autohemotransfusão se
submetia às influências fecundas, nas anti-científicas do empirismo.
Hoje, porém, temos uma explicação razoavelmente clara e perfeitamente
aceitável de sua ação. Quando o sangue empregado fora de sua situação
normal, no aparelho circulatório, ele se torna uma substância
completamente diferente para o organismo. O sangue extraído por punção
venosa é um sangue asfíxico que, por curto lapso, se põe em contato com
um corpo estranho (seringa), o que é suficiente para provocar
modificações na sua físico-química e, por isso, injetado no organismo,
atua como se fora uma proteína estranha. De todos é conhecido o efeito
estimulante das proteínas parentais sobre o sistema simpático e o
parassimpático, pelo que ocorrem reações vasomotoras e teciduais em
todo o organismo. WIDAL observou acentuada diminuição dos leucócitos em
todo o sistema vascular periférico. Porém, mais tarde, MÜLLER e
PETERSEN demonstraram que essa diminuição periférica corresponde a um
aumento destas células nos órgãos abdominais, e conseqüentemente, a um
incremento nas funções orgânicas, particularmente do fígado,
acelerando-se a secreção biliar e os processos de desintoxicação.
Nenhum efeito sobre o sistema vasomotor, sangue ou tecidos se observa
nos órgãos cuja inervação autônoma foi suprimida antes da injeção. O
sistema retículo-endotelial de ASCHOFF-LANDAU também é poderosamente
estimulado pela autohemotransfusão. 11 As seguintes experiências provam
essa afirmação: a) Um emplastro de cantáridas, colocado sobre a pele da
coxa, determina a formação de pequena vesícula. Pois bem, se aspiramos
o conteúdo dessa vesícula num tubo em U e o centrifugarmos, depois de
seco e corado, a contagem diferencial nos revelará uma incidência de
monócitos por volta de 5% (os monócitos são os representantes no sangue
circulante do S. R. E.). Após a autohemotransfusão, a cifra de
monócitos, no conteúdo da vesícula, se eleva em oito horas para 22% e,
após 72 horas, ainda há 20%, caindo a curva gradualmente para voltar ao
normal, no fim de sete dias; b) pela prova do Vermelho Congo se
evidencia a capacidade de armazenar corantes do S. R. E. - essa
capacidade acentua-se consideravelmente após a injeção de sangue; c)
outro teste utiliza a determinação do índice bactericida dos humores,
segundo o método de WRIGHT. Após a injeção, o índice mostra um
acréscimo, que, dentro de oito horas, chega a um máximo de 15 a 20
valores normais. Como a elevação dos monócitos, a elevação do índice
bactericida dos humores prova a estimulação dos poderes defensivos do
organismo do S. R. E., ou melhor, para ceder aos impulsos de um são
nacionalismo, sem desatender às exigências da boa ciência, através do
sistema angio-histio-lacunar de PÓVOABERARDINELLI (o alvéolo pulmonar é
parte integrante do sistema lacunar). Para os que aceitam as idéias de
PIERRE DUVAL, podemos concluir que a autohemotransfusão atua como
elemento desensibilizante, contra a agressão dos polipeptídios, que só
agem em indivíduos sensibilizados. Finalmente, estamos inclinados a
aceitar a eficácia da autohemotransfusão nas complicações da
tuberculose, visto como ela parece remediar a fase de inferioridade ou
anergia, que a intervenção cirúrgica desperta nos tuberculosos. A
propósito da desprezível quantidade de sangue, que se acumula na ferida
operatória, sugeriu-se que a observação deste sangue poderia tornar uma
adicional autotransfusão desnecessária. São de METTENLEITER as
seguintes palavras: "as alterações físico-químicas, na totalidade do
sangue e do soro, são tão delicadas e ocorrem tão rapidamente, que
nenhuma comparação pode ser feita entre o sangue retirado de uma veia e
reinjetado intramuscularmente e o sangue acumulado numa ferida para ser
absorvido; estes dois processos são inteiramente diferentes". O sangue
tem sobre os outros agentes proteino-terápicos, além das vantagens de
comodidade e economia, a de que a sua absorção se faz mais prontamente.
Para terminar, em vista dos nossos excelentes resultados, que confirmam
amplamente as verificações de METTENLEITER, podemos fazer nossas as
suas palavras: "as complicações pulmonares podem surgir, com qualquer
espécie ou método de anestesia, mas a ausência de acometimentos 12
pulmonares, em nossa série, prova que a autohemotransfusão e não o tipo
de anestesia, responde pelos bons resultados". Casuística - 150 casos.
1) - Intervenções : . Apendicectomias 56 . C.R. hérnia inguinal 29 .
Laparotomias exploradoras 11 . C.R. hérnia inguinal estrangulada 7 .
Gastrectomias 5 . Fístulotomias 5 . Hemorroidectomias 5 . Inversões da
vaginal 5 . Sepultamento de úlceras gastro-duodenais perfuradas 4 .
Operação de Ivanissevitch 3 . Operação de Ombredanne (ectopia
testicular) 3 . Emasculações totais 3 . Anus ilíacos 3 . C. R. hérnias
crurais estranguladas 2 . Ressecções intestinais 2 . Exerese de quisto
dermóide 2 . Salpingectomia 2 . Exerese de quistos torcidos do ovário 2
. C. R. de hérnia umbilical estrangulada 2 . Amputações de membros 2 .
Cholecistectomia 1 . Gangliectomia Lombar 1 . Gastroenterostomia 1 .
Cerclagem da rótula 1 . Operação de Albee (enxerto vertebral) 1 .
Nefrectomia 1 . Nefrostomia e retirada de cálculo 1 . Trepanação da
tíbia 1 . Prostatectomia 1 . C. R. hernial crural 1 . Safenectomia 1 .
Artronomia 1 . Coecopexia 1 . Castração 1 . Simpatectomia periarterial
1 . Cistostomia 1 . Cholecistostemia 1 . Drenagem da fosse ilíaca
direita 1 . Esplenectomia 1 2) - Anestesias : 13 . Local 62 .
Balsofórmio 50 . Raquidiana 20 . Éter 10 . Peridural segmentária 5 .
Eunarcon 3 Total 150 3) - Diagnósticos: . Apendicites 51 . Hérnias
inguinais 24 . Hérnias inguinais estranguladas 7 . Fistulas anais 6 .
Feridas penetrantes do abdômen 6 . Hemorróida 5 . Hidroceles da vaginal
5 . Ectopias testiculares 4 . Úlceras duodenais 4 . Úlceras
gastro-duodenais perfuradas 4 . Varioceles 3 . Epiteliomas do pênis 3 .
Cânceres do reto 3 . Hérnias umbilicais estranguladas 3 . Peritonites
agudas generalizadas 3 . Cânceres do estômago 2 . Quistos dermóides 2 .
Roturas de prenhez ectópica 2 . Quistos torcidos de ovário 2 .
Esmagamentos de membros 2 . Cholecistite 1 . Gangrena do pé 1 . Fratura
de rótula 1 . Mal de Pott 1 . Fistula estercoral 1 . Tuberculose renal
1 . Litiase renal 1 . Osteomielite aguda 1 . Adenoma prostático 1 .
Hérnia crural 1 . Varizes da perna 1 . Artrite supurada do joelho 1 .
Úlcera de perna 1 . Oclusão intestinal 1 . Câncer de bexiga 1 . Rotura
traumática de baço 1 . Varicocele pelvice 1 14 . Ferida penetrante do
tórax 1 . Pancreatite edematosa, com peritonite biliar sem perfuração 1
. Abscesso apendicular 1 . Vólvulo da sigmóide 1 VI - Resultados e
conclusões 1o - As complicações devidas ao choque: - Só cedem,
evidentemente, ao tratamento do choque (sol, chloretadas hipertônicas
e, eventualmente, infusão maciça de café em clister). Contudo, a
autohemotransfusão contribui, seguramente, para que sobre elas deixem
de enxertar-se as complicações do segundo tipo ou infecciosas. Tivemos
muitos casos de manifestações segmentarias de choque na fibra lisa
tráqueo-bronco-pulmonar, porém nenhuma delas evoluiu para a infecção.
2o - As complicações infecciosas - não surgiram em nossos 150 casos. Em
vários dos numerosos casos em que deixamos de fazer a
autohemotransfusão, a título de contraprova, as complicações
infecciosas apareceram, sendo tratadas pela autohemotransfusão curativa
em altas doses (40 a 80 cc.), pelo soro chloretado hipertônico, álcool,
digital, vitamina C, etc. Comentemos alguns casos interessantes :
numerosos doentes se submeteram à operação com bronquites crônicas ou
sub-agudas. Pois bem, após a operação, fez-se a autohemotransfusão e
essas bronquites ou continuaram na mesma, sem se agravar ou, então,
desapareceram. De dois doentes que sofreram esplenectomia por ruptura
traumática do baço, em um foi feita a injeção de sangue - alta, curada,
em oito dias. Em outro não se fez a autohemotransfusão e
manifestou-se-lhe um foco de condensação na base direita. Um velho
prostático sofreu uma falha hipogástrica, como tempo prévio à
prostatectomia. Dada a benignidade da intervenção, não lhe fizemos a
autohemotransfusão e se constituiu uma córtico-pleurite. Curou-se e,
operado de prostatectomia, foi-lhe feita a injeção de sangue, tendo um
pós-operatório respiratório normal. Outro doente, que padecia de mal de
Pott, submeteu-se à operação de ALBEE (enxerto vertebral). Era portador
de catarro crônico das vias aéreas superiores; foi operado sob
anestesia geral pelo balsofórmio e ficou três meses no leito gessado
sem apresentar a mínima complicação pulmonar, tendo-lhe sido feita a
autohemotransfusão após a operação. 3o - Complicações devidas à embolia
pulmonar. - Não podemos tirar conclusões seguras a respeito deste
ponto, em primeiro lugar, porque tivemos apenas dois casos e, em
segundo, porque só em um foi feita a autohemotransfusão, aliás 15 no
que não morreu. Contudo, parece-nos que a autohemotransfusão não pode
impedir a formação de uma tromboflebite, nem que desta se desprendam
êmbolos. 4o - Quanto às complicações pulmonares pós-operatórias nos
indivíduos tuberculosos, parece-nos que a autohemotransfusão age
beneficamente no sentido de corrigir a fase de inferioridade orgânica
que o ato cirúrgico desperta nesta classe de pacientes. Tivemos quatro
casos de intervenções, em indivíduos tuberculosos comprovados, sem
complicação pulmonar pós-operatória: duas apendicectomias, uma
nefrectomia por tuberculose renal e uma nefrostomia com retirada de
cálculo coraliforme, em indivíduo que se havia submetido a pneumotórax
terapêutico. Só num caso se desenvolveu uma pneumonia tuberculosa, mas
o indivíduo era portador de tuberculose evolutiva e, operado de
apendicite aguda, foi-lhe feita somente injeção de 10 cc de sangue,
portanto dose insuficiente, metade da que aconselha o autor do método.
Esses casos não nos permitem ainda uma conclusão segura, do mesmo modo
que os de embolia pulmonar. Não resta dúvida que as complicações
infecciosas, segundo o critério por nós estabelecido, são prevenidas
seguramente pela prática da autohemotransfusão. RESUMÉ COMPLICATIONS
PULMONAIRES POST-OPÉRATOIRES Contribution a leur prophylaxie L'auter,
initialement, fait une étude synthétique sur le juste concept, la
classification, l'etio-pathogenie et le diagnostic des complications
pulmonaires post-opératoires. Dans une classification schématique il en
a établi 4 types: I - Complications résultant du shock opératoire:
pseudo-bronchites et atélectasie pulmonaire post-opératoires. II -
Complications infectieuses: bronchites, cortico-pleurites, pneumonies,
broncho-pneumonies, gangrènes et abcès pulmonaires. 16 III -
Complications dûes à l'embolie pulmonaire: infarctus hémoptoique de
LANNEC et embolie de l'artère pulmonaire. IV - Complications spéciales:
a) poussée aigue de tuberculose; b) complications de la chirurgie
thoracique (sur laquelle l'auteur n'a pas d'expérience). Dès le début,
l'auteur fait une étude de la prophylaxie des complications pulmonaires
post-opératoires, présentant 150 cas observés à l'HOSPITAL DE PROMPTO
SOCORRO du Rio de Janeiro (la plupart en rélation avec la chirurgie d'
urgence) dans lesquels il a employé la mèthode préconisée par le
chirurgien américain M.W. METTENLEITER: l'auto-hémo-transfusion de 20cc
de sang, retires à la table même d'opérations, d'une veine au pli du
coude et injectés à la fesse du malade. Le sang employé hors de l'
appareil circulatoire se transforme en une substance entièrement
étrangère à l'organisme dans lequel il éveillera, s'il y est réinjecté,
des reactions humorales et tissulaires capables de stimuler les
pouvoirs défensifs du système angio-histo-lacunaire et, encore, de
désensibiliser l'organisme vis-à-vis les polypeptides, elaborés par le
trauma chirurgical. Conclusion: I Les complications pulmonaires dûes au
shock opératoire ne cédent évidement qu'au traitemen du shock (infusion
massive de café par voie rectale et sol. chlorurées hypertoniques). L'
auto-hémo-transfusion evite, seulement, l'addition de complications
infectieuses. II Les complications infectieuses ne se s'ont pas
montrées dans les 150 cas de l'auteur parmi lesquelels on compte la
plus grande variété d'opérations et d'anesthésies et surtout des
malades mal préparés par le fait d'étre porteurs d'afections
chirurgicales d'urgence. III Sur les complications dûes à l'lembolie
pulmonaire (originaires d'une thrombophlébite) la mèthode ne semble
avoir qu'une faible influence. IV Sur les complications
post-opératoires chez les individus tuberculeux, il semble vrai que l'
auto-hémo-transfusion évite la phase d'anergie ou infériorité éveillée
para l'intervention chirurgicale en évitant ainsi la survenance d'une
poussée de tuberculose pulmonaire. 17 SUMMARY The author makes a
synthetic study about the real conception, the classification, the
etiology and the diagnosis of post operative pulmonary complications.
Establishes a schematic classification of 4 types: I Complications
owing to the operative shock: pseudo-bronchitis of the post-operative
and atelectasis. II Infectious complications: bronchitis, congestion of
the lungs, broncho-pneumonia, pneumonia, gangrenes and pulmonary
abcesses. III Complications due to pulmonary embolus: LANNNEC's infart
hemorhagic and embolus of pulmonary artery. IV Special complications:
a) acute atack of tuberculosis; b) complications of thoracic surgery
(about which the author has no experience). Following which he makes a
study about the prophylaxis of post-operative pulmonary complications
presenting 150 cases observed in the HOSPITAL DE PROMPTO SOCORRO of Rio
de Janeiro - Brasil (the greater number belonging to urgent surgery) in
which the method of the famous american surgeon M. W. METTENLEITER was
used with the best results: autohemotransfusion of 20 cc., taken from
the vein of the elbow and injected immediately while the patient still
on operating table. The blood employed on the vascular system, becomes
quite a different substance for the organism which will provoke, if it
is reinjected, humoral and tissilular reactions able to stimulate the
defense of the S. R. E. and at the same time to desensitize the
organism to the polypeptides elaborated by the operation. In
conclusion: I - The pulmonary complications due to operative shock only
give way by the treatment of the shock (massive infusion of coffee by
proctoclysis and hypertonic chloride solutions). The
autohemotransfusion prevents infectious complications. II - The
infections complications did not appear in the 150 cases of author in
which there were a varied number of operations, anesthesies and chiefly
of patients in bad conditions owing to the need of urgent surgical
operations. 18 III - About the complications due to pulmonary embolus
(originated from trombophlebitis) the method to have but little
influence. IV - As to the post-operative pulmonary complications in
comsuptive cases the autohemotransfusion seems to avoid the anergy
phase provoked by the operation and the appearance of acute T. B.
Trabalho do Dr. Jésse Teixeira, publicado na revista científica
BRASIL-CIRÚRGICO, Órgão oficial da Sociedade Médico-Cirúrgica do
Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, vol.
II, março de 1.940, número 3, páginas 213 - 230. Observação dos
revisores: "Publicado originalmente na Revista Brasil-Cirúrgico Orgão
oficial da Sociedade Médico-Cirúrgica do Hospital Geral da Santa Casa
da Misericórdia do Rio de Janeiro Março de 1940 - Volume II - No 3
FONTE virtual:
http://www.orientacoesmedicas.com.br/AUTOHEMOTRANSFUSAO_Dr_Jesse_Teixeir
a_1940.pdf Atenção: Eu, Luiz Fernando Sarmento, em 08.maio.2007,
revisei o texto aqui digitado, comparando a xerox do texto original -
escrito por Dr Jésse Teixeira e publicado em 1940 na Revista
Brasil-Cirúrgico - ao texto disponibilizado na internet. Se você
revisar novamente e encontrar algum erro, por favor informe a
luizfelipepedro@yahoo.com.br e, se possível, compartilhe no fórum
virtual: http://inforum.insite.com.br/39550/". N.E. Revisado, este
artigo está publicado em
http://www.rnsites.com.br/artigo_jesse_teixeira.pdf

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